(Dedico este poema a Renata Cambuy, à sua família, à sua fé.)
Oi menina , quão pequena sois
Para tanto saber e em tão pouco tempo
Tanto ter que aprender nesse longo momento
Em que tivesses , por força das circunstâncias
Que se ausentar dessas crianças
Que somos todos nós.
Para você menina, nunca dei um presente
Então percebo o quanto amo as palavras
Pois através dessas simplórias e sonoras dádivas
Posso ousar, ao menos tentar expressar
O que talvez os seus mais próximos não puderam falar
dessa explosão de sentimentos que há na gente.
Todos nós, engatinhando no terreno da medicina, exaustivamente,
Plantando , regando, nos empenhando
Em sermos melhores médicos, sonhando...
Às vezes tanto, que nem percebemos
O convite da vida , para aproveitarmos e aprendermos
Com todos que a nossa volta, algo sempre nos ensina, mesmo que involuntariamente.
Tolice achar-nos maduros demais para tudo
Quando a época da colheita ainda nem chegou
E mesmo que tivesse chegado , aqui estou
Para dizer que sempre haverão novos terrenos para serem plantados
E valorizar isso é irrelevar as sementes ruins que ficaram no passado
E perceber que todos somos aptos para dar frutos.
Na metáfora da vida, menina,
Você apenas trocou de lugar no consultório
De médica a paciente , não se assuste com o repertório:
Anamnese, exame clínico, propedêutica , cuidado, zelo.
E o que mais nos intriga nesse hemisfério
É que a vida não tem um algoritmo nem protocolos para cada situação.
Só quero que saiba que ao voltar
Quero recebê-la e ser contagiada por esse encanto
Essa força, brio e capacidade de mostrar de um jeito brando
Quão mesquinhos são os detalhes
Quando se pode aproveitar mais e mais
Dos alguéns ao nosso redor, e o que cada um pode nos acrescentar.
Se pudéssemos desapegar dos pré-conceitos
Das autoregras, dos prós e contras
E apenas olhar, apenas conhecer, admirar-se e perceber
Cada vez mais nos surpreenderíamos, quão humilde e sofisticada é a Sabedoria Divina
Que só faz morada naqueles que não se acham dignos dela.
Quero poder ouvir suas histórias, suas conquistas
E sorrir e chorar com todas elas,
E comemorar e aprender com todas elas
E perceber que, não importa que não se forme conosco
Pois , na Universidade da vida
Já és Doutora antes de nós!
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