É estranho como só nós, PBL-andos, sabemos exatamente o que é uma tutoria. Há sempre a perguntinha embaraçosa: “Ah, vocês não têm professores?” A gente respira fundo: “Hum. Não. Quer dizer, sim... às vezes”. E as pessoas ficam com aqueles olhares de “tudo bem, deixa pra lá”.
O primeiro problema sobre “O que é o PBL?” nos ilude um pouco. Saímos pensando: “Por que as universidadades-super-top não se aderem a isso?”. “Esse método é o máximo!”. É mesmo motivador. Há aquela voracidade (meio maníaca) na busca por fontes, artigos, slides. Guyton é pros fracos. Os fortes lêem também Berner, Linda Constanzo, Margarida... Ah, se der pra ler anatomia, histologia e patologia também, fechou!
O primeiro choque no 2º período é quando você não lembra mais quase nada do mapa metabólico, no máximo PFK-1. E olhe lá. A construção do conhecimento vai ocorrendo com algumas lacunas, como aprender hipertensão sem estudar a histologia dos vasos sanguíneos. É possível, mas é superficial.
Depois da fase motivadora, infelizmente surge a fase em que já estamos meio enjoados de tutoria (ou até mesmo desiludidos). Grande parte do que sabemos e usamos é devido às habilidades (quem não lembra do primeiro sopro que classificou?). Com o tempo percebemos que “não só de tutorias vive o homem”. Óh, que novidade.
Mas não é assim que muitos pensam...
A super-valorização das tutorias pelo nosso curso talvez esteja exagerada. Criamos uma rotina que gira em torno disso. Se der tempo estudamos pra habilidades (Iapsc nem se fala...). E esquecemo-nos dos eventos científicos, projetos de pesquisa, atividades de extensão. A nova forma de avaliação, excelente em vários aspectos, reforçou esse exagero.
Nós, acadêmicos, sabemos bem o que há de melhor e pior no PBL. Somos nós quem lidamos com isso no dia-a-dia. E nossos professores talvez conheçam a teoria, mas, na prática, a grande maioria se formou no método tradicional. Então podem até dizer que anatomia não é essencial, mas a falta dessa disciplina não interfere diretamente na vida deles.
Falta atitude da nossa parte. Somos os mais interessados em tantas mudanças que devem ocorrer... O problema das matérias básicas serem deficientes e dos alunos se dedicarem pouco às habilidades é só um deles. A famosa pontinha do iceberg.
A culpa não é da tutora, não é do coordenador, nem do governador. A culpa é nossa, que temos insatisfações tão parecidas e permanecemos calados, quietos. Aí vem a formatura... e deixamos as coisas estáticas como legado.
Onde está o CA que ia voltar à ativa? Onde estão as notas de habilidades do 2º período? Onde estão as aulas de anatomia? Cadê os eventos científicos de medicina? E as possibilidades de intercâmbio?
Alguém aí sabe?
Talvez estejamos muito ocupados com as tutorias pra pensar nisso...
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