quinta-feira, 29 de abril de 2010

As mnemônicas na Medicina


Estudar várias horas para a sessão tutorial da semana é a melhor estratégia para se ter uma participação satisfatória. Entretanto, mesmo quando se estuda o tempo necessário, acaba-se percebendo que boa parte do que se sabia com tanta convicção há 3 períodos, hoje é uma vaga lembrança. Alguns dizem que isso ocorre porque estudamos de maneira incorreta; tentamos decorar o que deveríamos ter entendido.

A proposta é a seguinte: em vez de tentar decorar todas as manifestações clínicas do hipotireoidismo, por exemplo, deve-se estudar bem a fisiologia da tireóide e a fisiopatologia do hipotireoidismo. Mas isso não é o suficiente, pois apenas transferimos o problema e passamos a decorar, desta vez, a fisiologia e fisiopatologia. Isso poderia ser corrigido se estudássemos mais a fundo os temas que o explicam, como as vias metabólicas controladas por esse hormônio, a biologia molecular do receptor do TSH, as vias de sinalização intracelular, a química orgânica, a física quântica e assim por diante.

Ou seja, não há como fugir! Há sempre algo inexplicável que é o ponto básico de onde as outras coisas são explicadas. Esse algo precisa ser memorizado, ou melhor dizendo, decorado mesmo! Além disso, o conhecimento da ciência básica, por mais útil que seja, nem sempre permite realizar inferências na área clínica, o que torna ainda mais frustrante a jornada pelo "entendimento de tudo".

E já que decorar é necessário, por que não fazer isso de uma forma mais eficiente? A memória funciona melhor quando há emoções envolvidas e quando há associações. Os médicos americanos provavelmente reconhecem mais isso do que nós. É comum entre eles que se use recursos mnemônicos, como o famoso ABCD (Airway, Breathing, Circulation, Disability) do atendimento inicial ao politraumatizado.

Outro recurso são os acrônimos, como utilizado na síndrome genética LEOPARD ("multiple lentigines, electrocardiographic conduction abnormalities, ocular hypertelorism, pulmonic stenosis, abnormal genitalia, retardation of growth, and sensorineural deafness"). Na Obstetrícia, descreve-se uma das complicações da pré-eclampsia como síndrome HELLP (Hemolysis, Elevated Liver enzyme levels and Low Platelet). Na Endocrinologia, as alterações oftalmológicas da Doença de Graves, são classificadas através do acrônimo "NO SPECS" (0: No signs or symptoms, 1: Only signs, 2: Soft-tissue involvement, 3: Proptosis, 4: Extraocular muscle involvement, 5: Corneal involvement, 6: Sight loss).

Apesar de algumas dessas mnemônicas serem utilizados como termos oficiais até em publicações científicas, é provável que muitas outras nunca tenham sido divulgadas. Pensando nisso, o site Medical Mnemonics foi criado no intuito de armazená-las de modo colaborativo. E você, já elaborou uma mnemônica? Compartilhe conosco!

6 comentários:

Carol Reis disse...

Hahah!!Muito bom!!
Nunca tinha pensado que sempre partimos de algo decorado que.. no final das contas nunca vamos entender.
Essas mnemônicas são típicas dos americanos, mesmo, eles tem uma palavrinha que resume tudo...
Em português, existem alguns livros como Descomplicando Anatomia e Descomplicando Fisiologia que usam mnemônicos(não tão bons quanto os em inglês) para facilitar o aprendizado.
Atualmente, só estou lembrando dos idos tempos da aula de química e biologia, cheia de "Ontem Fui No Clube Bronzear I Fiquei com a Pele Horrível"... nem lembro mais pra que serve, mas era tão engraçadinho!

Fabiano Poswar disse...

Sim! Química e Biologia são áreas básicas da Medicina e são cheias dessas associações! ^^ Outra de Química (ou Física) bem clássica é a "Para o Vestibular, Nunca Rezei Tanto" que resume a fórmula PV=nRT. ^^

Unknown disse...

ou... a variante.. Putas velhas não rejeitam trabalho! kkkkkk

Lázaro disse...

claro!
por exemplo para nervos cranianos:

(O)lha--------olfatorio

(O)------------optico

(M)alvado--------motor ocular comum(oculomotor)

(P)ara-----patetico(troclear)

(T)anto-------trigêmeo

(M)al---------motor ocular externo(abducente)

(F)azer--------facial

(A)----------auditivo(vestibulo-coclear)

(G)ente----------glossofaringeo

(P)recisa-----------pneumogastrico(vago)

(S)er--------------spinal(acessorio)

(H)ipocrita--------hipoglosso

Ghost disse...

SCALP, de Escalpo:

S - Pele
C - Tecido subcutâneo
A - Aponeurose muscular
L - Tecido adiposo areolar
P - Pericrânio

Unknown disse...

Sindrome de Wallemberg: "Horner Vê PICA e Engasga"

Horner: Sd Horner por acometimento da via simpática descente
Vê: Vertigem e Nistagmos
PICA:
P: Perda da Sensibilidade
I: Ipsilateral na Face
C: Contralateral no Corpo
A: Ataxia

e ENGASGA: acometimento nos Nervos IX e X causando disfagia e disfonia



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